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Remédio amargo para o Brasil

10 - Clipping - AGGLOBAL 2

 

Por Alexandra Gioso, diretora da AG Global, consultoria em comércio internacional

 

 Depois de alguns anos de recessão e de índices econômicos nada favoráveis, o Brasil parece estar reagindo, uma vez que percebemos o surgimento de uma sensação de confiança por parte da população, ainda que de forma discreta.

 

Alguns primeiros sinais de recuperação da economia brasileira começam a aparecer, como a confiança do consumidor, demonstrada pelo indicador oficial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que subiu 1,8 ponto entre setembro e outubro deste ano, ao passar de 80,6 para 82,4 pontos, o maior desde janeiro de 2015, que totalizou 81,2 pontos. Trata-se da sexta alta consecutiva do índice de confiança, que atingiu o mínimo histórico em abril deste ano. O resultado sucede altas de 5,4% e 2,6%, em julho e agosto, respectivamente.

 

Outro bom indicador para os empresários é a redução da taxa Selic, decidida em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no dia 19 de outubro de 2016. Apesar de a Selic ter sido reduzida controladamente, de 14,25% para 14% ao ano, o fato pode aumentar o acesso ao crédito e consequentemente o consumo no Brasil.

 

Já para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o crescimento do setor deverá acontecer lentamente e somente a partir de 2018, pois isso depende do otimismo do empresariado e do aumento do mercado interno, assim como das exportações.

 

Nesse sentido, o crescimento de longo prazo é definido pelas decisões internas, portanto, será necessário o Governo Federal acertar a situação das contas públicas nacionais, atual e expectativas para o futuro, assim como os problemas estruturais da economia brasileira como: custo trabalhista elevado, baixa produtividade da mão de obra, impostos excessivos, infraestrutura ruim, ambiente de negócio desfavorável, entre muitos outros. Os ajustes são fundamentais para que a indústria brasileira recupere sua competividade e sane a desindustrialização do país que ocorreu nesses últimos anos.

 

Já o cenário internacional está voltado para os Estados Unidos em seu processo eleitoral, que acontece no dia 8 de novembro, e para China com os números de desaceleração e a transição econômica, podendo trazer muitas incertezas a curto e médio prazo, principalmente quanto ao ritmo no crescimento da economia mundial, ao preço das commodities e às taxas globais de juros e de cambio.

 

Apesar disso, sabemos que a crise brasileira foi consequência de erros nossos e não somente de fatores adversos ao nosso controle, como a crise internacional generalizada, e tal situação interna se agravou com a paralisação do Estado e também com as turbulências políticas que cessaram todo tipo de investimentos nos últimos anos. Portanto, a capacidade de implementação de reformas, a clareza na estratégia e o planejamento em longo prazo são os remédios, talvez um pouco amargos, no entanto imprescindíveis para começarmos a retomar o desempenho econômico que, infelizmente, retrocedeu uma década. Há estimativas de um tímido crescimento do Produto Interno Brasileiro (PIB) já no começo de 2017, mas nada comparado aos números em 2010, onde nosso PIB atingiu a média de 7,5%.

 

O cenário futuro é incerto e todas as tentativas de prever um reaquecimento da economia também fazem parte dos indicadores abstratos que medem a confiança e a capacidade de investir dos empresários brasileiros. Mas, depois de anos de números negativos e da confiança abalada, podemos pelo menos ver uma luz no fim do túnel da economia do Brasil.